Como funciona a reforma ortográfica do português??

sábado, 10 de janeiro de 2009


Em 1990, representantes dos oito países que falam português (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste) decidiram simplificar a grafia e unificar as regras. A implementação, no entanto, é lenta. É preciso que os países ratifiquem as mudanças como fez o Congresso Nacional brasileiro. Em 2007, o Ministério da Educação do Brasil começou a preparar as mudanças nos livros didáticos e pretende que elas estejam totalmente implantadas em 2009. As maiores resistências à reforma vieram de Portugal, justamente o país que deve ter mudanças mais significativas. Os portugueses só ratificaram o acordo em maior de 2008.

As tentativas de unificação ortográfica dos países lusófonos são antigas, datando do início do século 20. No Brasil, já houve duas reformas ortográficas em 1943 e 1971, ou seja, um brasileiro com mais de 65 anos vai passar por três reformas. Em Portugal, a última reforma aconteceu em 1945. E muitas diferenças entre Brasil e Portugal continuaram.


Há muita gente que rechaça a unificação, dizendo que há coisas mais importantes a fazer. Quem defende argumenta que o português é, das línguas mais faladas no mundo, a única que ainda não está unificada

Veja quais as principais mudanças na ortografia. A maioria terá impacto no Brasil:

Fim do trema
O acento é totalmente eliminado. Assim, a palavra freqüente passa a ser escrita frequente. Só nomes estrangeiros como Müller manterão o trema.


Eliminação de acentos em ditongos
Acaba-se o acento nos ditongos “ei” paroxítonas. Assim, idéia vira ideia.O acento circunflexo quando dois “os” ficam juntos também some. Assim, vôo vira voo.


Cai o acento diferencial
Aquele acento que diferenciava palavras homônimas de significados diferentes acaba. Assim, pára do verbo parar vai ficar apenas para. O acento diferencial permanecerá nos seguintes casos:


- pode (como presente do indicativo) e pôde (no pretérito)
- por (preposição) e pôr (verbo)
- A terceira pessoa do plural de ter e vir permanece com acento, assim como suas variações. Eles têm, eles intervêm.


Mudanças nos hifens

Sai a maioria dos hifens em palavras compostas. Assim pára-quedas vira paraquedas.

Quanto houver necessidade, será dobrada a consoante. Assim contra-regra vira contrarregra. Será mantido o hífen em palavras compostas cuja segunda palavra começa com h como pré-história.

Em substantivos compostos cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da palavra são a mesma, será feita a introdução do hífen. Assim microondas vira micro-ondas.

As palavras que têm os prefixos ex, sem, além,aquém, recém, pós, pré e pró ficam com o hífem.

Portanto, será escrito como antes: ex-presidente, sem-terra, recém-nascido e pó-graduação.Assim como as palavras com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçue mirim. Quem escrevia jacaré-açu vai continuar escrevendo jacaré-açu.

Inclusão de letras
As letras antes suprimidas do alfabeto português (k, y e w) voltam, mas só valem para manter as grafias de palavras estrangeiras;

Fim das letras mudas
Em Portugal, é comum a grafia de letras que não são pronunciadas como facto para falar fato. Essas letras somem com a reforma.

Dupla acentuação
Há algumas diferenças de acentuação entre o Brasil e Portugal principalmente quando se fala do acento circunflexo e agudo. Assim, os brasileiros escrevem econômico e os portugueses, económico. Essa diferença foi mantida.


Como vai acontecer no Brasil?


No dia 29 de setembro de 2008, o presidente Luís Inácio Lula da Silva tornou oficial a introdução da reforma ortográfica no Brasil. De acordo com a resolução, a reforma entra em vigor em janeiro de 2009, mas as duas grafias (a antiga e a nova) continuarão valendo até dezembro de 2012. Ou seja, até lá as duas grafias valem no
vestibular, nas provas de escolas, nos concursos públicos.

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